segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Crise aquece setor de relações públicas pelo mundo


As empresas de relações públicas norte-americanas têm experimentado um efeito colateral positivo da recessão econômica: profissionais de RP passaram a ser solicitados para não apenas apagar incêndios e gerenciar crises, mas também para participar diretamente da estratégia dos negócios.

De acordo com reportagem publicada na revista ‘The Economist’, embora algumas estatísticas apontem queda de faturamento e dispensa de funcionários no setor, nada se compara às perdas das companhias atendidas pelos RPs. Segundo a Veronis Suhler Stevenson (VSS), empresa de gerenciamento de fundos, os investimentos em relações públicas nos Estados Unidos cresceram 4% em 2008 e 3% em 2009, números expressivos se comparados aos da publicidade, uma escolha mais tradicional, responsável por gastos de 3% em 2008 e de 8% no ano passado.

O setor de RP está fazendo bonito, porque, entre outros fatores, sua operação é mais em conta do que campanhas publicitárias de massa e seu impacto nas mídias on-line e off-line pode ser facilmente mensurado. Como consequência desse momento favorável, as empresas de RP começam a invadir o território da publicidade: agora, além de tentar que seus clientes sejam mencionados na imprensa, elas ambicionam organizar eventos ao vivo, edição de blogs de empresas, lançamentos na web e outras ações. Christopher Graves, diretor da agência Ogilvy Public Relations Worldwide, arriscou dizer que, a partir de agora, ao observarmos os dois setores, ficará cada vez mais difícil distinguir onde termina o trabalho de um para começar o do outro.

“A tendência detectada pela revista ‘The Economist’ a respeito do significativo incremento do mercado de relações públicas nos Estados Unidos é reflexo do que a categoria vem discutindo já há alguns meses e, certamente, não se trata de uma realidade localizada apenas naquele país, mas de um fenômeno mundial em que a profissão está envolvida”, afirma Marcello Chamusca, diretor geral do Portal RP-Bahia e editor do Guia de Relações Públicas na Internet.

As transformações no cenário midiático também beneficiaram o mercado de relações públicas. Ficou ainda mais importante chamar a atenção do grupo cada vez menor de jornalistas que cobre negócios nos meios tradicionais e, ao mesmo tempo, ajudar as empresas a quebrar a resistência para tentar um novo modelo. Outro forte vetor de mudança é a ascensão da internet – que oferece mais ferramentas de medição do que a propaganda convencional – e das mídias sociais; muitas grandes organizações têm marcado forte presença em redes como Twitter e Facebook, supervisionadas pela equipe de RP.

De acordo com Chamusca, a tendência confirma que esse novo cenário – de decadência das mídias tradicionais e de crescimento da web – tem dado um grande impulso ao mercado, visto que o perfil do profissional de relações públicas que atua no contexto das organizações contemporâneas é mais conveniente para a atividade.

“A formação do RP é muito mais propícia para interagir nas mídias sociais, pois essas redes possuem uma arquitetura que privilegia a participação e que, por sua vez, necessitam de constantes técnicas de relacionamento para serem geridas. E quando o ambiente global é de crise sobressai-se naturalmente, a atividade que tem no seu DNA a mediação de conflitos”, comenta o também editor da revista digital ‘RP em Revista’.

http://www.nosdacomunicacao.com/panorama_interna.asp?panorama=302&tipo=R

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