quinta-feira, 28 de maio de 2009

Relações Públicas comunitárias:Um desafio


RELAÇÕES PÚBLICAS COM A COMUNIDADE


Margarida Maria Krohling Kunsch

Professora da Universidade de São Paulo

Do que expusemos até aqui já se pode deduzir que o conceito de relações públicas comunitárias diz respeito, com propriedade apenas ao trabalho realizado diretamente com a comunidade, dentro dela e em função dela, por profissionais que se integram nos grupos ou por profissionais orgânicos surgidos nos próprios grupos.

Contudo, não podemos deixar de tecer algumas considerações sobre o novo tipo de relações que está sendo levado a efeito pelas empresas com as comunidades em que elas se inserem.

Encontramos na bibliografia corrente de Relações Públicas vários autores que falam sobre o assunto, demonstrando como deve ser o relacionamento de uma empresa com a comunidade e citando casos reais ou tipos de programas que vêm sendo desenvolvidos.[9]

Um fato é que as Relações Públicas até hoje têm sido utilizadas mais a serviço das empresas em apoio a objetivos econômicos, por força até de necessidade de sua sobrevivência e de sua finalidade no contexto do sistema capitalista. Podemos perceber, assim, que toda essa literatura em geral está centrada na preocupação das empresas de se relacionarem bem para com isso obtiverem maior lucro e serem aceitas pela comunidade, embora isto não apareça de forma explicita nos livros.

Hoje, com as mudanças sociais, está havendo uma preocupação no sentido de se dar uma dimensão social às organizações, nas quais, além de unidades econômicas, se passa a ver também unidades sociais. Aqui é que entra o trabalho do profissional de Relações Públicas, de alertar a direção da empresa para sua responsabilidade social. Não se pode limitar o trabalho de Relações Públicas apenas a contar e divulgar os feitos de uma empresa. É preciso conscientizá-la de sua responsabilidade para com a sociedade.

Segundo Childs, “contar a história de alguém é certamente um importante avanço. Minha única objeção”, diz Childs, “é que isto não tem suficiente profundidade. Contar a história de alguém, não leva em contar conta, nem poderia fazê-lo, as lacunas e atrasos no processo social, justamente as causas dos verdadeiros problemas. As bases de uma política esclarecida de Relações Públicas são, e sempre devem ser, uma total compreensão das forças que tornam essas atividades aquilo que realmente são, uma análise cuidadosa das implicações sociais de práticas específicas”.[10]

Com relação à comunidade, o profissional de Relações Públicas
deve participar como agente que saiba encarar os problemas, as necessidades e as controvérsias com sinceridade, sem querer fazer somente “imagem” positiva da instituição que representa, descomprometido e alienado da realidade social que enfrenta. É preciso deixar de lado essa tendência de querer utilizar a Relações Públicas para “enganar”. Se a empresa está fazendo qualquer coisa que prejudica a comunidade, é necessário, ante de mais nada, que ela providencie medidas técnicas para sanar o problema e, depois, que ela informe a comunidade, os líderes locais e a imprensa, sobre o que está acontecendo, valendo-se para isso dos instrumentos de Relações Públicas, como visitas às instalações, entrevistas, folhetos, campanhas tudo fundamentado na verdade, sempre, para que não se caia no descrédito.

“É ingênuo, senão perigoso, enfrentar as pressões populares, refugiando-se na triste obsoleta ‘política do caramujo’. As reações dos públicos têm de ser conhecidas, depois plenamente estudadas e identificadas, dentro de um programa de ação ajustada, e revisadas, para atender seus justos reclamos. Os valores econômicos somente poderão ser justificados e preservados pela sua adaptação flexível e contínua às aspirações dos públicos.”[11]

Hoje, frente às mudanças sociais, as empresas estão se preocupando mais com a comunidade. “Os tempos mudaram. A comunidade passou a ser considerada uma força dinâmica, constantemente em mudança, cada vez mais organizada e dirigida. As organizações sabem que esta nova força comunitária pode pressioná-las fortemente, até arruiná-las, ocasionando profundas alterações sociais e destruindo crenças antes tidas por sagradas e imutáveis.”[12]

Por isso a comunidade é um dos públicos que sempre deve ser levado em consideração numa programação de atividades do departamento de Relações Públicas de uma empresa.

Fonte: http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual/comunidadeterceirosetor/0015.htm

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